segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Letramento

O QUE É LETRAMENTO?
Kate M. Chong

Letramento não é um gancho
em que se pendura cada som enunciado,
não é treinamento repetitivo
de uma habilidade,
nem um martelo
quebrando blocos de gramática.


Letramento é diversão
é leitura à luz de vela
ou lá fora, à luz do sol.
São notícias sobre o presidente
O tempo, os artistas da TV
e mesmo Mônica e Cebolinha
nos jornais de domingo.


É uma receita de biscoito,
uma lista de compras, recados colados na geladeira,
um bilhete de amor,
telegramas de parabéns e cartas
de velhos amigos.


É viajar para países desconhecidos,
sem deixar sua cama,
é rir e chorar
com personagens, heróis e grandes amigos.


É um atlas do mundo,
sinais de trânsito, caças ao tesouro,
manuais, instruções, guias,
e orientações em bulas de remédios,
para que você não fique perdido.


Letramento é, sobretudo,
um mapa do coração do homem,
um mapa de quem você é,
e de tudo que você pode ser.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Revisão e reescrita






























Avaliação, revisão e reescrita – 6ª série

Para esta atividade foi proposta a seguinte sugestão do AA6 – página 60:

Para realizar a atividade, escolha um colega para trabalhar com você e capriche!
a) Recorte da revista ou do jornal trazido para a sala de aula cinco imagens:
1. Uma mulher
2. Um homem
3. Uma criança
4. Um objeto (cadeira, caneta, celular, sapato, bolsa, carro, etc.)
5. Uma paisagem ou ambiente (casa, apartamento, escritório, quarto, etc.)
b) Agora organize as imagens sobre a sua mesa e determine uma ordem para as figuras.Em seguida, comece a inventar uma história a partir da primeira figura.
Atenção! Você deverá inventar uma parte da história, e o seu colega da dupla deverá continuar a história a partir da sua invenção e relacionando as idéias à imagem seguinte.
Quando as cinco imagens fizerem parte da história da dupla, vocês deverão criar um título para o texto.
Agora que a dupla já finalizou a produção, vocês deverão ler o texto atenciosamente e em voz alta para observar se há alguma informação fora do lugar, ausência ou excesso de palavras ou se o texto está confuso. Terminada a primeira leitura de revisão, troque de texto com outra dupla e faça a leitura de revisão deste.




Produção e revisão coletiva

O texto utilizado para o trabalho de revisão partiu da seguinte questão:

Nosso jeito de falar sempre corresponde ao modo como as palavras são escritas?

Não, por que quando escrevemos, estamos usado um jeito de linguagem, quando falamos com os amigos usamos giras, e quando com outras usamos outro de linguagem as vezes falamos tão rápido que acabamos esquecedo algumas letras.

O texto foi analisado pelos alunos que apontaram erros de ortografia e deram sugestões para a reescritura.

Reestruturação do texto:

O perfil da aluna segundo o texto:

- Idade: adolescente
- Série : 8ª
- Grau de letramento: O texto apresenta alguns problemas de ortografia, paragrafação, pontuação, supressão de palavras e letras que comprometem a clareza.

Marcas textuais:
- A escrita apresenta dificuldade de expressão pela falta de clareza.
- Há supressão de letras e palavras pela falta de atenção ao escrever.

Currículo:

- Paragrafação
- Pontuação
- Coesão textual
- Ortografia: uso dos porquês

Atividades:

- Conceituação de parágrafos.

- Leitura, interpretação e produção de textos enfatizando-se a importância da coesão textual.

- Atividades envolvendo o uso dos porquês.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

"Internetês"

A linguagem híbrida

       Sem dúvida o internetês surge como forma de concretizar a necessidade de rapidez na interatividade.Mesmo sabendo que a vogal é base da sílaba não podemos deixar de considerar que muitos sons vocálicos já estão embutidos nas consoantes.E que a agilidade e economia de letras é evidente como podemos observar na frase: - Td bem c vc? – Tudo bem com você?.
        Manter um diálogo através da linguagem escrita é bastante cansativo e haja paciência pois você não pode contar com os gestos e expressões do interlocutor e através de mensagens instantâneas, sem webcam, desista! É hora de usar o internetês que neste contexto é uma excelente ferramenta pois além de agilizar a conversa disponibiliza os emoticons que substituem gestos, resumem informações, expressam emoções.
       Ora, a língua não é estática, sabemos disso, o português muda, evolui e o internetês, se não veio para ficar eternamente, com certeza não partirá tão cedo. Por isso, deixar de incluir o assunto em nossas aulas não é uma boa ideia e para isso colegas professores, precisamos estar “ligados”, ops! “antenados”, quero dizer: preparados e sem preconceitos.Quanto mais pessoas tiverem acesso à internet, mais este tipo de linguagem será usado.
       Não podemos falar em certo ou errado no uso da linguagem, precisamos ter a clareza de que o que existe é o adequado ou inadequado em relação ao contexto no qual o falante está inserido e no caso da comunicação através de salas de bate-papo,messenger e outras formas de mensagens instantâneas, o inadequado seria usar a linguagem considerada padrão.Não vejo que caiba aqui tanta preocupação em relação ao uso deste tipo de linguagem e não pretendo defender o internetês mas sim, estudar esta linguagem junto aos alunos como mais um eficiente meio de comunicação que deve ser usado no contexto ao qual se destina..
      Finalmente, esse conjunto de abreviações que elimina acentos, cria neologismos e ainda consegue passar ao interlocutor sentimentos como amor, ódio, saudade, alegrias e tristezas tornou-se uma variante da linguagem bastante eficiente, capaz de enriquecer a linguagem escrita de tal forma que as palavras parecem ter vida, o melhor q temos a fazer eh aprender a tc pra naum fikr por fora shuashuashuashua pq kkkkkkk, segundo a adolescente que tenho em ksa, já passou, rsrsrsrs tbm!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Fazer a diferença...

Estrelas do mar X O carteiro e o poeta

Era uma vez uma escritora que morava em uma tranquila praia, junto de uma colônia de pescadores.
Todas as manhãs ela caminhava à beira do mar para se inspirar, e à tarde ficava em casa escrevendo.
Certo dia, caminhando na praia, ela viu um vulto que parecia dançar.
Ao chegar perto, ela reparou que se tratava de um jovem que recolhia estrelas-do-mar da areia para, uma por uma, jogá-las novamente de volta ao oceano.
"Por que está fazendo isso?"- perguntou a escritora.
“ A maré está baixa e o sol está brilhando. Elas irão secar e morrer se ficarem aqui na areia". -explicou o jovem.
A escritora espantou-se.
"Meu jovem, existem milhares de quilômetros de praias por este mundo afora, e centenas de milhares de estrelas-do-mar espalhadas pela praia. Que diferença faz? Você joga umas poucas de volta ao oceano. A maioria vai perecer de qualquer forma.”
O jovem pegou mais uma estrela na praia, jogou de volta ao oceano e olhou para a escritora. "Para essa aqui eu fiz a diferença..".
Naquela noite a escritora não conseguiu escrever, sequer dormir.
Pela manhã, voltou à praia, procurou o jovem, uniu-se a ele e, juntos, começaram a jogar estrelas-do-mar de volta ao oceano.
Autor Desconhecido

O filme “O Carteiro e o poeta” encanta primeiramente pela simplicidade e ao mesmo tempo pela beleza do cenário. Relata a
história de pessoas humildes, famílias de pescadores que dividem dificuldades. Tanto o filme quanto o texto “Estrelas do mar” utilizam como cenário o mar e nos passam a visão de um povo humilde que sobrevive da pesca.
Entra em cena o poeta e o carteiro no filme e a escritora e o pescador no texto. Da mesma forma que Neruda, a escritora parece buscar inspiração na meditação junto ao mar.
Mário encanta logo nas primeiras cenas pela ingenuidade que talvez seja o que lhe permita lutar pelo sonho de aprender a escrever poesias e segundo sua convicção conquistar corações, ser “importante”
O jovem do texto tem características psicológicas muito parecidas com as características de Mário, os dois personagens parecem não estar preocupados com o que está acontecendo no mundo ao seu redor e sim com o momento presente e aquilo que cada ser na sua individualidade pode fazer. Por um lado Mário insiste para que Neruda desvende os mistérios da poesia, da linguagem figurada por acreditar que esta é a grande chave para obter o sucesso, ser amado e considerado inteligente, diferente; por outro lado, o jovem do texto insiste em fazer a diferença jogando uma a uma as estrelas-do-mar de volta ao oceano acreditando que o importante não é a imensidão do problema e sim a contribuição de cada um e assim, ambos tem uma característica em comum: a perseverança.
Com estas características tanto o carteiro quanto o jovem fazem com que o poeta e a escritora reflitam e percebam na simplicidade dos gestos a grandiosidade da alma.
Enfim, tanto o filme quanto o texto nos levam a um cenário muito parecido e são capazes de nos envolver na vida de cada personagem, seus sonhos, seus sentimentos. P Principalmente no filme vive-se com cada um de uma forma tão intensa que a ansiedade toma conta de nossas almas na busca pela solução de cada problema, torcemos para que Mário alcance seus objetivos e nos comovemos pela sinceridade de seus sentimentos.
Mário e Neruda podem ser transportados para nossa profissão. Ser Neruda é reconhecer naquele aluno que busca o conhecimento, o ser humano que mesmo diante de tantos problemas sociais, de tantas dificuldades é um “Mário”, cheio de sonhos, que admira aquilo que fazemos e acredita nos nossos ideais..
Talvez o leitor esteja a pensar que essas últimas palavras sejam por demais utópicas, entretanto, se não acreditarmos que ainda é possível provocar mudanças na sociedade como educadores que somos, que se pelo menos para um fizermos a diferença, então o sonho acabou, não podemos ser Neruda, nem o jovem que devolve as estrelas ao oceano e, consequentemente não perceberemos os “Mários” que nos rodeiam.




Lageanês...


Pequeno dicionário Lageanês


Mais cruz! ( quando quer dar uma prova de valentia)
Uh, aleijada! ( mulher bonita, de bons atributos físicos)
Tipo bilis ( legal, massa)
O tipo do jeito ( quando se estranha a atitude de alguém)
Desacorçoado ( sujeito perdido, lerdo)
Mas credo ( resposta a uma afronta)
Me repuna (desprezo por alguém)
Piádebosta (quando o cara é considerado um nada)
Balão homê (quando alguém diz alguma coisa fora do contexto, daquilo que está sendo tratado)
Uhh piá pançudo (adjetivos amigáveis!)
Aissiii ta loco ómizinhoooo (diminutivo do item 1)
Minhazarma (exclamação do tipo: Meu Deus do céu!)
Venha vindo! (advertência)
É Sá lava (ninguém merece)
Mas porquiera?.... ou mazoquiera?... (questionamento)
Uhhh moscão! ( quando se faz algo errado, distraído, desastrado)
Piriga! ( Será que neva? Piriga...)
O ómeeee, vc viu a pexada que aquele carro deu no poste de luix chegou arranca tudo os fio? ( batida de um carro no poste)
É de sartá butiá do borso! ( quando uma coisa é muito boa)
Pare se não te atócho! ( combine com o item 13)
Vamo trechá? ( vamos embora)
Encarangado ( encolhido de frio)
Marcando uma partida de futebol:
-Assa home, diéquié a dibrinha hoje?
- Lá no tio Gélis, perto daquelas arvi!
- Tá, mas não vale dar ximbão!

Assassin hora omeducéu! ( Nossa Senhora homem do céu! )
Se pnxe daí omê! ( saia daí)
Mas pule! ( venha brigar)
Trácki fora! ( jogue fora)
Jack vai? Jack veio esse? Vai do quê? Jônibus? ( onde, de onde...)
Dar uma pilichada ( melhorar de saúde)
Carquei ficha! ( fiz, executei)
É de gasta o taco da bota. ( quando o indivíduo dançou bastante)
Lááá; longe; me nego, mescapo, sartex ( quando rola uma frase de duplo sentido, tipo)
D’ja hoje ou treszontonte? ( data de algum evento )
Fico c’os óio que é dois pila ( assustou-se)
Não se meta a jacu sem rabo! ( não faça o que não sabe)
Quedelhe? ( primeiro site de busca lageano: Quedelhe?)
Mas não se astreva! (não se atreva)
Não te mataro ainda ôme?
Tava de lambe os beiço! ( depois de saborear um bom prato)
Dei c’os corpo no arame! ( me dei mal)
Negaciar ( observar)
Algumas frases comparativas:

- Firme que nem palanque de banhado.
- Mais ligeiro que tatu de Kichute.
- Mais suado que tampa de marmita.
- Mais liso que suvaco de santo.
- Mais por fora que dedão de franciscano.
- Se batendo mais que bolacha em boca de veio.
- Mais bonita que laranja de amostra.
- Se mostrando mais que salame de mercearia.
- Mais perdido que cego em tiroteio/ surdo em boate.
- Mais velho que andar pra frente.
- Ta mais feio que roubar e não poder carregar.
- Ta mais devagar que lesma de patins.
Maisss ta looko omeeee do céu ( para fechar com chave de ouro)
Você vai posa hoje lá em casa? (quando alguém vai dormir em sua casa)
Dá UM água ( dá uma água)
Não chegue perto do peral ( referindo-se a um barranco muito alto)

Fonte: Gazeta Serrana – Lages, 13/07 a 26/07
Seção Barão com Milton Rodrigo – pág. 13


Um pouco mais de lageanês:

Acarcar – conter, empurrar
agravar- ofender
aguateiro – pessoa que realiza trabalhos ligeiros nas fazendas
alazão-cavalo cor de canela
alqueire- medida equivalente a 36,32 litros
apojo – leite extraído na parte final da ordenha manual
armada- laçada corrediça que se faz no laço antes de joga-lo para pegar animais
arreador- chicote, relho
arroba – peso equivalente a 15 Kg
avio- isqueiro
bachero(var. baixeiro)- manta colocada no lombo da montaria, por baixo da sela
bagual – reprodutor eqüino. Homem valente
baita – grande
baldosa(var. bardosa) – manhosa
bichará – pala rústico, geralmente feito de lã trançada
bombear – espiar
borracho – bêbado
bruaca – mala de couro com alças laterais. Mulher feia
bucal – cabresto composto por focinheira, cabeçada, fiador e cedeira
burrichó – jegue, asno
cachaço – reprodutor suíno
cacimba – vertente, fonte de água potável
Camargo – espécie de café espumante, constituído por café quente e forte, adoçado com açúcar mascavo, misturado com o apojo tirado na hora.
cancha – raia, local para corridas de cavalos
caracu – tutano. Por extensão qualquer parte do osso
carreira, carreirada – corrida de cavalo em cancha reta
cargueiro – animal usado para carregar cargas pesadas
carqueja – planta medicinal
chamego – atração, paixão
charque – carne bovina salgada e seca ao sol
chula – dança masculina de desafio entre dois sapateadores
chocolateira, chicolateira, cambona- vasilha de folha de flandes usada para vaquecer água e/ou preparar café
cidrol- capim-limão, chá dessa erva medicinal
cocho – recipiente de madeira, usado para alimentar animais
colorado – de cor vermelha
co0rrumaça, currumaça – farra, festa
cravador – furador usado para trabalhos em couro
dar louvado – pedir a benção
descontada – defeituosa, aleijada
de vereda – imediatamente
espera – tocaia
encordoado – enfileirado
enquartada – mulher de cintura fina, quadris largos e coxas grossas
estaquear – forma de suplício onde a vítima é amarrada pelos membros em estacas
fandango – baile
foeiro, fueiro – estaca ou vara de madeira
frege – casa de prostituição, confusão
gaudério- pessoa errante, sem ocupação
guacho – órfão de mãe
guaiaca – cinto largo de couro, usado para guardar dinheiro e pequenos objetos
guampa – chifre bovino
impre – ímpeto, impulso
jacu- ave silvestre, mulher de má fama
jaguará – cão vadio, sem préstimo
jirau – sótão
labasco- ordinário – safado
macanudo – bom, forte, superior, guapo
macega – capim alto
mandarete – recadeiro, indivíduo sem opinião
mangueira – grande curral construído em pedra ( taipa) ou madeira
milhão de campo – medida de superfície equivalente a 100 hectares
novilha – fêmea bovina jovem
pala – poncho leve, sem gola, usado enfiado no pescoço
palheiro, paieiro- cigarro de palha. O mesmo que pito
partes pudentas – órgãos genitais, genitálias
pealar – derrubar animal que está correndo
peçuelo, pessuelo – alforge duplo, geralmente de lona, usado para transportar roupas e objetos de uso pessoal
pelego – pele de ovino usado sobre a sela
penca – carreirada
piá – guri, menino
pila – dinheiro miúdo
pinchar – jogar ou lançar uma coisa fora
prenda – moça do campo
recavem – bunda, traseiro, nádegas
redomão – cavalo que ainda não foi domado
reiúdo – teatino, sem dono
remate – leilão
renguear – coxear, mancar
ridicar – ser sovina, avarento
sestear – descansar após o almoço
sovéu – laço grasseiro e muito forte
tento – tira fina de couro, usada para costurar couro
tastaviar, testeviar, testavilhar – tropeçar, escorregar
tromenta – tormenta
varar – passar de um local para outro
xucro, chucro – animal ainda não domado


Fonte : recorte de periódico sem identificação
Título : A cultura lageana : linguagem e costumes
Gestar II – Leitura, escrita e cultura